30.3.11

18 de Março (sexta-feira 14:46) - Uma semana após o abalo

Como a vida é!
Até sexta-feira aquela rotina do dia-a-dia.
Esperava terminar o horário de expediente e curtir o happy hour, pensava ir ao shopping de final de semana e domingo dormir até mais tarde.
Desde aqueles segundo de abalo rotinas deixaram de existir, uma mudança nos costumes, nos sentimentos, no valores e sentidos da vida...
Em comparação daqueles que estão lé em cima a minha mudou um pouco só.

...
14:00 - Neste dia fez 1 semana após o terremoto seguido por tsunami.
Deu um aperto no peito, agradeci com fé e lamentei em silêncio.
Senti uma certa esperança crescendo.

29.3.11

15 de Março (terça-feira) - Dia tenso

Assim começou o meu dia:
-Tensão total! Qual é o futuro das usinas. Novas explosões hoje de manhã e os funcionários se "moveram" para algum lugar. Agora porque todos se evacuaram do local? Acho que algo de muito grave aconteceu. Não foi divulgada qual o motivo e qual a gravidade. Quem vai cuidar do reator 2?

Facebook deixa a marca de um pavor desconhecido. Pensei em não ir para empresa, mas fiquei com medo de ficar sozinha em casa e resolvi ir trabalhar também. rs
Em Otemachi presenciei família, solteiros, idosos de bagagens de viagens. Todos evitando ficar perto da radiação indo mais longe possível e o mais rápido possível. Só podia ser muita ignorância ir trabalhar com todo este clima.

No almoço o telefone não parava de tocar. Querido preocupadíssimo com tudo e querendo já que resolvessemos o plano B antes que o pior aconteça. A única solução imediata foi deixar o trabalho e voltar para casa e esperar que as coisas se acalmassem.

Foi um dia que me deixou um pouco apavorada, um calafrio e um pouco de medo.
Já ao anoitecer, pronta para dormir, um tremor... Novamente contado um, dois, três para ver se o tremor parava. O balanço foi um pouco mais longo que a contagem, mas parou gradativamente.

Encostei levemente minha cabeça no ombro amado e em suspiro com uma voz cabisbaixo perguntei:
- Quando tudo isso vai acabar? ele: -Acho que vai demorar um pouco mais que imaginamos. Tudo vai ficar bem... Desabei. Até então, pude fazer o possível, amparando as pessoas do desespero pelo msn, fazer ponte Brasil-Japão ligando para pessoas que você mal conhece, doações e traduções para português em voluntário... E naquele exato momento me dei conta do medo que tomava conta de mim por todos esses dias. E que na verdade nada estaria tão bem como eu imaginava. Desabei a chorar em soluços. Exausta psicologicamente dormi em lágrimas.

28.3.11

14 de Março (segunda-feira) - Segunda funcionando

O despertador anuncia a hora de acordar e sem muita moleza levanto e já começo a me aprontar para o ínicio da semana.

Geralmente as noticias do ínicio do dia nos fala da previsão do tempo, das fofocas de muitos talentos, alguns escândalos relacionado a política, novidades sobre o esporte japonês.
Mas esta segunda-feira um pouco diferente de todos... - Notícias de todos os canais voltadas a usina nucleares, sobre o tsunami que atingiu a costa leste, o racionamento de energia e o trânsito.

Com os seus atrasos e interrupção temporária o metrô circula normalmente e o governo e nem minha empresa decretou segunda feira como dia facultativo. O jeito foi mesmo pegar no batente.

Com aquele jeitinho de entrar no trem consegui chegar ao escritório. Postos ao trabalho as réplicas não cessam e os alarmes ficam toda hora tocando. Sem condições para trabalhar.O dia acabou tenso e na hora de ir embora nem a técnica de subir no trem funcionava mais. Desisti. Peguei outra linha e dei voltas para chegar numa estação mais próxima a de casa. Como muitos outros resolvi andar uma estação. Nesse passeio noturno, aprendi a respirar ares gelados e descobrir que Tokyo está tudo bem.

O dia da retribuição do Valentines Days.



Esses presentes são doces dos mais doces retribuições que recebemos. Eu mesma havia me esquecido que hoje é o dia do White Day. E apesar desta toda tristeza os meninos nos pegaram com uma surpresa muito gostosa.


27.3.11

13 Março (domingo) - Como será a semana após o terremoto?

Nada melhor que dormir sem interrupções de abalos, barulhos e acordar com fio de sol entrando pela fresta da cortina.O ideal era ainda curtir um pouco mais a cama e o futon. Levantar somente quando ver que não é mais prazeroso ficar. Mas a curiosidade a ansiedade começa a gritar dentro de você, querendo notícias sobre o terceiro dia do maior tsunami da história do Japão.

O abalo não era simplesmente 8.8 e sim magnitude de 9 graus. Olhando para todo esse estrago os 0.2 faziam muita diferença. Áreas antigidas pelo tsunami deixam rastros de destruição. Imagens ficam em nossa mente, coração chega doer de tanta tristeza.
Assim imagino eu, um ser tão pequeno, imperfeito...Ainda que pudesse fazer alguma coisa além de rezar pelas vidas destas pessoas.

26.3.11

12 Março (sábado) 11:00 - Dia seguinte II

Muita adrenalina no dia anterior, não consegui dormir mais que 3 horas, mas foram suficientes para descansar. Eu estava desorientada, meio chapada com o "cochilo" de dia.

Subitamente lembrei de tudo que havia acontecido, retornei a ligar a tv e a internet.
Todos os canais da tv japonesa estavam transmitindo incansávelmente os mais recentes acontecimentos sobre o tsunami e o terremoto. Acredito que todas as emissoras foram obrigadas a suspender sua programação e só transmitir o catástrofe e os alertas de novos tremores ao público.

Além do primeiro ministro Naoto Kan, Yukio Edano o chefe de gabinete correr contra o tempo e combater contra o cansaço, ele relata toda a ação do governo para controlar os reais problemas e responde as questões dos repórteres. Sem nenhum momento de repouso, sempre num discurso calmo e prudente traz aos espectadores paciência e tranquilidade.

Nesta tarde foi anunciado que haverá cortes de energia e de água. Pensei comigo como passaria uma noite no escuro, sem banho quente, sem comida aquecida.Resolvi me arrumar e sair para fazer algumas compras. *Se é que algum supermercado esteje funcionando.

Bastava colocar os pés para fora e aproveitar o lindo dia. O sol radiante e um friozinho da época. Montada numa bicicleta com cesta a caminho do supermercado passei pelo parque.


Um sábado qualquer! Pessoas fazendo cooper, lendo livros, brincando de soltar pipa, levando cochorro pra passear. Tudo muito tranquilo até parece que o que aquele susto de sexta-feira foi um sonho.


O pessoal do posto de gasolina usando uma régua medidor de combustível, para ver o nível da gasolina estocada no tanque. Acho que isso não era um bom sinal.


Uma turma evacuada com mochilas. E o pessoal olhando para cima.

Este prédio teve um pequeno dano na parte de cima. Uma reforma tende a  acontecer em breve.

Chegando ao supermercado, fico aliviada em saber que ela estava funcionando. Muitas pessoas fazendo compras normalmente. Foi quando peguei a cesta de compras em direção a platereiras... fiquei surpreendida com a situação.

         

Não sei se bateu um desespero do pessoal estocar suplimentos alimentares em casa ou os fornecedores numa justa causa estão desviando os produtos para as áreas atingidas.
Pão, água, leite e material de higiene pessoal, acabaram. O restante que se encontra é cerveja,condimentos e carnes cruas.
O que comprei neste dia foi o mínimo. Ingredientes para fazer o pão para o café da manhã e algumas verduras e carnes.
O dia passou rádido, escureceu e aproveitei para deixar tudo pronto antes que a fique no escuro. As máquinas de fazer pão são super práticas. Água, leite em pó, açucar, sal, fermento e trigo. Ela fica assim perfeita.

Aproveitei para tomar um bom banho quente de furô e já almoçada pronto pra cair na cama quando quiser, ou por obrigação.
Nesta noite com o anuncio do problema da usina nuclear adormeci com mais uma preocupação na mente.

25.3.11

12 Março (sábado) 4:00 - Dia seguinte

... até que o sol ainda não tivesse nascido na manhã de sábado, às 4 horas da manhã o trecho  trabalho-casa começou a circular. Confesso que nunca senti alío por ouvir o som do trem.
Praticamente o metro estava vazio, mas chegando na estação de Otemachi, que liga ao coração da capital japonesa (Tokyo) estava uma multidão de pessoas. Nem parecia que era 5 horas da manhã.

O desafio era subir no trem super lotado. E não é tão fácil como imaginamos. É preciso de algumas habilidades e alguns cálculos para depois não sair acabada de lá.
- Primeiro se você é mulher, avalie a pessoa que vai ficar ao seu redor. Atenção maior para quem vai ficar atrás de você. Veja se não é nenhum velho tarado, uma senhora rabugenta, um jovem sem noção jogando game, uma moça azul prestes a chamar o hugo.
- Depois de conferir que ali onde você vai se encaixar será um lugar seguro, procure ficar num lugar perto da saída e de preferência do lado da porta que você precisa descer.
- Por mais que pareça uma situação de desespero, procure não se apressar. Seja gentil, abaixe a cabeça levemente como se fosse falar: - Com licença. - Muitas pessoas vão retribuir com a gentileza dando um pouco mais de espaço pra você.
- Se estiver de bolsa ou mochila, não deixe sobre os ombros, segure com as mão. Tenha a certeza que você não ficará sem a bolsa e quando você querer descer do trem não precisará ficar puxando com toda força como se puxasse a coleira do cachorro.
- Se conhece bem o caminho que o trem faz, procure não ficar num canto que todo peso da galera do trem vá no seu sentindo quando o trem fizer uma curva, uma brecada. Provavelmente escapará de ser um hot dog prensado.
- Ao descer não esqueça de falar em voz alta: - Com licença, vou descer. Isso é importante para você não sair empurrando as pessoas do nada.

O ritual é esse! Se passar por esta situação espero que lhe sirva para te salvar de uma fria.

Enfim com todas essas teorias de Celina cheguei na minha estação ilesa. E me surpreendi ao sair para fora e ver o clarear do dia. A sensação é de que eu tinha ido a uma balada. Estava exausta, com sono, com fome, com vontade de tomar um bom banho quente.

Mesmo em casa a situação era de tensão. A televisão era a única maneira de saber se iria ter um novo tremor e ter noção do tamanho estrago que foi na costa leste do Japão. E não poderia ser pior. A imagens eram terríveis. Queria que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo. Mas a realidade dura desse catástrofe só estava começando. Um dia com sol permitiu que os militares imediatamente começassem com o resgaste das pessoas.

Em casa aparentemente tudo estava em ordem. Na entrada da casa, perfume se espatifou no chão deixando um aroma muito gostoso pela casa. O aquário estava com meia água e o carpete ficou todo enxarcado, mas os peixes são e salvos.  Aliviada com a situação em casa fui descansar as 8 horas da manhã.

24.3.11

11 de Março (sexta-feira) 14:57 - Depois do susto

Depois daquele forte susto (14:48) a única coisa que me importava naquele momento era saber a segurança da família, do amado, da querida calopsita e do amigos queridos.

O tremor durou por volta de dois minutos e depois disso as linhas telefônicas já não funcionavam ou estavam congestionados. Depois de muitas, mas muitas tentativas algumas por sorte davam linha e quando ouvia a voz dizendo do outro lado:
-Tudo bem com você?
- Tudo. E você?
Somente essas palavras foram suficientes para aliviar a alma.
Pensando nas pessoas que precisavam entrar em contato um com o outro, a solução foi desistir do telefone e socorrer a internet. Confesso que a Skype e o Facebook foram hiper eficientes naquela tarde de sexta-feira.

Não tinha como não ficar tenso, era um calafrio, o coração acelerado.
Apesar de pouco tempo em Tokyo nem os japoneses havia sentindo um tremor tão forte.
Na internet mostrou o abalo sismico de 5+ graus  em Tokyo e 7 graus Richter em Miyajima.


A televisão na sala de reunião da empresa passava notícias sobre os danos que o tremor havia causado em Tokyo. Primeiro foi um foco de incêndio em um prédio de Odaiba, logo em seguida o primeiro caso de feridos no bairro de Chioda.
Em pensar que estava tudo bem, às 15:20 uma interrupção na transmissão. A imagem voltado a uma região costeira de Miyako na provícia ao norte do Japão chamada Iwate mostrava ao vivo pela tv ondas de águas subindo rapidamente levando dezenas de carros, container, barcos e navios, destroços sendo carregado pelo tsunami dentro a cidade.

A onda alastrava os arrozais, as casas por quilômetros em alguns segundos.
Imagens como pessoas agarradas ao navio, ondas raivosas que pareciam perseguir carros como se quisessem pegá-las...
Aeroporto de Sendai em Miyagi sendo alagadas.

Em um lugar tão próximo a nós (Miyagi fica a 400km de Tokyo) custei muito para acreditar em tudo que estava acontendo.
Os trens e o metrô em Tokyo pararam de circular e muitas pessoas tentando pegar ônibus ou táxi. Consequentemente um trânsito que nunca havia acontecido na avenida aqui perto do escritório e muito menos milhares de pessoas caminhando feito passeata indo embora para casa.

Nesta noite estava frio e de maneira nenhuma pensei em ir embora a pé para casa. Resolvi ficar até que o metrô voltasse ao normal.

Fui à loja de conveniência para comprar uma suposta janta. E a surpresa maior é ver o número de pessoas ali querendo comprar alguma coisa ou usar o banheiro. As prateleira já bem vazias comprei um pouco do que restava de cupnoodle, batata fritas e chocolates.
Nunca passei por situação de ficar 20 minutos na fila de uma conveniência, até deu para jogar conversa fora com japonês. *Lembrando que japonês não tem costume de falar com pessoas estranhas.

Pior é que depois do tremor forte é comum ter os tremores chamadas sismologia, são réplicas de tremores secundários. E esse reajuste da crosta da terra fica por semanas, meses.
Alarmes de um novo tremor na televisão e nos celulares não param de tocar e dá uma sensação muito desconfortável.

As 20 horas algumas linhas do metrô como Ginza, Hanzonmon começaram a circular, menos a minha que é a Chioda. Fiquei esperando...com muita paciência até que o sol...

23.3.11

O tremor em Shibuya (Tóquio)

Depois de um tranquilo almoço na sexta-feira, um abalo pega todos de surpresa.
Começo a acredita que o tremor venha parar, mas ela continua a insistir.
Conto calmamente um... dois... três... e nada de parar.
Sentada em frente ao computador fico paralisada, focada no tremor que começa a ficar mais intenso.
A sensação é de estar em cima de uma prancha de surf. Ondas que vão e vem num ritmo muito rápido

Começo a ficar assustada e apreensiva. Levanto da cadeira e com as duas mãos tento me sustentar na mesa para parar em pé. Sem condições de andar, só vejo o armário de arquivos cair.

Começo a pensar em sair do segundo andar, tiro o celular do suporte e vou fazendo uma caminhada de bebado até pegar o meu sobretudo.

Volto a pegar minha bolsa e saio em direção a saída de emergência. Enquanto esperava outros amigos do escritório para descer o tremor começou a cessar.

Uma experiência inacreditável.

3.3.11

Perdido no sushi paradise

Não é preciso dizer nada, coma com os olhos!




Para quem gosta de ser bem servido, e adora degustar um sushi fresco e saboroso. Este restaurante de sushi que fica em Minamisunamati é o melhor.
O sushi vem com as ovas transbordando. As fatias dos peixes são tão grande que nem dá ver o shari (bolinho de arroz).De início parece ser bem enjoativo, mas como os ingredientes estão bem frescos o sabor continua agradável. Posso descrever que é macio, suculento e as vezes até adocicado.

Para não perder a viagem aconselho ir ao restaurante após ás 14 horas. Antes disso só mesmo com muito pique pra enfrentar fila.

Informações Sushi Kaiko すし海幸
Tokyo-to Koto-ku Kitasuna 4-1-13 江東区北砂4-1-13
Fechado nas quartas-feiras e  2 vezes ao mês (data não definida) 水曜休み・月2回不定休
Horário das 11:00~20:00

Depois de barriga cheia ande a rua estreita ao lado chamado Sunamachi ginza (砂町銀座). Vai ncontrar muitas lojinhas típicas japonesas e de comidas tradicionais.

2.3.11

Qual laranja escolher?

Fica díficil de saber qual é a mais suculenta, a mais doce, e o que é mais fácil para descascar.Eu ainda não descobri, pois aqui no Japão têm inúmeras variedades de laranjas.

No Brasil acostumado com o poncã, dekopon, kinkan....
mas estes:

amanatsu, kiyomiorenji, sanpoukan, unshumikan, kanjuku, hassaku, iyokan, taiyoo, daidai, setoka, bundan....

Alguém já ouviu falar? Parece até que estou falando japonês grego.

Recentemente pedi umas caixas de poncã e dentro dela veio esta lista.
Quem sabe algum dia possa saber falar de todas as diferenças delas.