25.3.11

12 Março (sábado) 4:00 - Dia seguinte

... até que o sol ainda não tivesse nascido na manhã de sábado, às 4 horas da manhã o trecho  trabalho-casa começou a circular. Confesso que nunca senti alío por ouvir o som do trem.
Praticamente o metro estava vazio, mas chegando na estação de Otemachi, que liga ao coração da capital japonesa (Tokyo) estava uma multidão de pessoas. Nem parecia que era 5 horas da manhã.

O desafio era subir no trem super lotado. E não é tão fácil como imaginamos. É preciso de algumas habilidades e alguns cálculos para depois não sair acabada de lá.
- Primeiro se você é mulher, avalie a pessoa que vai ficar ao seu redor. Atenção maior para quem vai ficar atrás de você. Veja se não é nenhum velho tarado, uma senhora rabugenta, um jovem sem noção jogando game, uma moça azul prestes a chamar o hugo.
- Depois de conferir que ali onde você vai se encaixar será um lugar seguro, procure ficar num lugar perto da saída e de preferência do lado da porta que você precisa descer.
- Por mais que pareça uma situação de desespero, procure não se apressar. Seja gentil, abaixe a cabeça levemente como se fosse falar: - Com licença. - Muitas pessoas vão retribuir com a gentileza dando um pouco mais de espaço pra você.
- Se estiver de bolsa ou mochila, não deixe sobre os ombros, segure com as mão. Tenha a certeza que você não ficará sem a bolsa e quando você querer descer do trem não precisará ficar puxando com toda força como se puxasse a coleira do cachorro.
- Se conhece bem o caminho que o trem faz, procure não ficar num canto que todo peso da galera do trem vá no seu sentindo quando o trem fizer uma curva, uma brecada. Provavelmente escapará de ser um hot dog prensado.
- Ao descer não esqueça de falar em voz alta: - Com licença, vou descer. Isso é importante para você não sair empurrando as pessoas do nada.

O ritual é esse! Se passar por esta situação espero que lhe sirva para te salvar de uma fria.

Enfim com todas essas teorias de Celina cheguei na minha estação ilesa. E me surpreendi ao sair para fora e ver o clarear do dia. A sensação é de que eu tinha ido a uma balada. Estava exausta, com sono, com fome, com vontade de tomar um bom banho quente.

Mesmo em casa a situação era de tensão. A televisão era a única maneira de saber se iria ter um novo tremor e ter noção do tamanho estrago que foi na costa leste do Japão. E não poderia ser pior. A imagens eram terríveis. Queria que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo. Mas a realidade dura desse catástrofe só estava começando. Um dia com sol permitiu que os militares imediatamente começassem com o resgaste das pessoas.

Em casa aparentemente tudo estava em ordem. Na entrada da casa, perfume se espatifou no chão deixando um aroma muito gostoso pela casa. O aquário estava com meia água e o carpete ficou todo enxarcado, mas os peixes são e salvos.  Aliviada com a situação em casa fui descansar as 8 horas da manhã.

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