24.3.11

11 de Março (sexta-feira) 14:57 - Depois do susto

Depois daquele forte susto (14:48) a única coisa que me importava naquele momento era saber a segurança da família, do amado, da querida calopsita e do amigos queridos.

O tremor durou por volta de dois minutos e depois disso as linhas telefônicas já não funcionavam ou estavam congestionados. Depois de muitas, mas muitas tentativas algumas por sorte davam linha e quando ouvia a voz dizendo do outro lado:
-Tudo bem com você?
- Tudo. E você?
Somente essas palavras foram suficientes para aliviar a alma.
Pensando nas pessoas que precisavam entrar em contato um com o outro, a solução foi desistir do telefone e socorrer a internet. Confesso que a Skype e o Facebook foram hiper eficientes naquela tarde de sexta-feira.

Não tinha como não ficar tenso, era um calafrio, o coração acelerado.
Apesar de pouco tempo em Tokyo nem os japoneses havia sentindo um tremor tão forte.
Na internet mostrou o abalo sismico de 5+ graus  em Tokyo e 7 graus Richter em Miyajima.


A televisão na sala de reunião da empresa passava notícias sobre os danos que o tremor havia causado em Tokyo. Primeiro foi um foco de incêndio em um prédio de Odaiba, logo em seguida o primeiro caso de feridos no bairro de Chioda.
Em pensar que estava tudo bem, às 15:20 uma interrupção na transmissão. A imagem voltado a uma região costeira de Miyako na provícia ao norte do Japão chamada Iwate mostrava ao vivo pela tv ondas de águas subindo rapidamente levando dezenas de carros, container, barcos e navios, destroços sendo carregado pelo tsunami dentro a cidade.

A onda alastrava os arrozais, as casas por quilômetros em alguns segundos.
Imagens como pessoas agarradas ao navio, ondas raivosas que pareciam perseguir carros como se quisessem pegá-las...
Aeroporto de Sendai em Miyagi sendo alagadas.

Em um lugar tão próximo a nós (Miyagi fica a 400km de Tokyo) custei muito para acreditar em tudo que estava acontendo.
Os trens e o metrô em Tokyo pararam de circular e muitas pessoas tentando pegar ônibus ou táxi. Consequentemente um trânsito que nunca havia acontecido na avenida aqui perto do escritório e muito menos milhares de pessoas caminhando feito passeata indo embora para casa.

Nesta noite estava frio e de maneira nenhuma pensei em ir embora a pé para casa. Resolvi ficar até que o metrô voltasse ao normal.

Fui à loja de conveniência para comprar uma suposta janta. E a surpresa maior é ver o número de pessoas ali querendo comprar alguma coisa ou usar o banheiro. As prateleira já bem vazias comprei um pouco do que restava de cupnoodle, batata fritas e chocolates.
Nunca passei por situação de ficar 20 minutos na fila de uma conveniência, até deu para jogar conversa fora com japonês. *Lembrando que japonês não tem costume de falar com pessoas estranhas.

Pior é que depois do tremor forte é comum ter os tremores chamadas sismologia, são réplicas de tremores secundários. E esse reajuste da crosta da terra fica por semanas, meses.
Alarmes de um novo tremor na televisão e nos celulares não param de tocar e dá uma sensação muito desconfortável.

As 20 horas algumas linhas do metrô como Ginza, Hanzonmon começaram a circular, menos a minha que é a Chioda. Fiquei esperando...com muita paciência até que o sol...

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